domingo, 29 de abril de 2012

Romeu e Julieta (Parte 1)


Romeu e Julieta, de Frank Dickse (1884)
        Símbolo do amor impossível, Romeu e Julieta é uma das mais famosas tragédias de William Shakespeare. Acredita-se que foi escrita por volta de 1594 e 1596 – a data precisa não é conhecida – portanto em meio à Renascença Inglesa e ao governo da rainha Elizabeth I. Embora a peça tenha se tornado popular na época em que Shakespeare a escreveu, a primeira performance registrada da tragédia data de 1 de março de 1662.

          A principal fonte de Shakespeare foi o poema The Tragical History of Romeus And Juliet, de Arthur Brooke, publicado na Inglaterra em 1562. Este, por sua vez, é a tradução de uma versão francesa do conto escrito por Pierre Boaistuau (1559), cuja versão já era uma adaptação de Bandello (1554). Contudo, a história do amor proibido de dois jovens é muito mais antiga. Frye (1992) observa que há milhares de anos essa temática já estava presente em mitos antigos, e até mesmo Ovídio, que viveu à época de Cristo, já contava histórias de amores trágicos.
         
          É interessante ressaltar as variações que foram feitas por Shakespeare na história de Brooke. No texto original, a história acontecia em nove meses e foi condensada em cinco dias. Romeu e Julieta se conhecem num domingo, casam-se na segunda-feira e morrem na sexta-feira. A razão pela qual o escritor fez essa mudança foi para enfatizar a rápida passagem do tempo, adicionando intensidade ao drama. Shakespeare também diminuiu a idade de Julieta de 16 para 13 anos, com o objetivo de enfatizar sua juventude.

          O autor também aumentou a importância de personagens secundárias, como a Ama e Mercúcio, deixando suas personalidades mais vívidas. Enquanto Mercúcio, espirituoso e agressivo, contrasta com Romeu, sonhador e pacífico, a Ama também opõe-se a Julieta: esta é leve e poética, aquela é grosseira e vulgar.

          Um dos motivos que a fizeram popular em sua época se deve ao êxito em satisfazer a todos os públicos: a linguagem vulgar e repleta de humor dos criados, assim como as cenas de ação, agradavam às classes mais baixas da população, ao passo que os diálogos ricos e as cenas de amor deleitavam a nobreza. De acordo com Frye (1992), a própria ordem em que entram as personagens remonta a estrutura social da peça: primeiro surgem os criados, seguidos de Benvólio e Tebaldo, então os patriarcas Montecchio e Capuleto e finalmente o Príncipe.

          Aspectos da história da Inglaterra estão visivelmente retratados na peça: a antiga rivalidade entre Montecchios e Capuletos, duas poderosas famílias de Verona, remete ao conflito entre Yorks e Lancasters, que gerou a guerra civil conhecida como A Guerra das Duas Rosas. Dessa forma, Shakespeare conseguiu agradar a rainha Elizabeth I, última representante da dinastia Tudor, ao demonstrar os efeitos trágicos da rivalidade entre as famílias.

Quer ler trechos da obra? Clique nos links a seguir:

Prólogo:
Em Português / Em Inglês

Ato I, Cena V:
Em Português / Em Inglês

Ato II, Cena II:
Em Português / Em Inglês

Ato III, Cena I:
Em Português / Em Inglês

Bibliografia:

  • JACOBSON, Karin. CliffsComplete Shakespeare's Romeo and Juliet. New York: Hungry Minds, 2000.
  • FRYE, Northrop. org. Robert Sandler. tradução e notas Simone Lopes de Mello. Sobre Shakespeare. São Paulo: Edusp, 1992.

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