William Shakespeare

Um dos mais renomados poetas e dramaturgos do mundo, autor de tragédias como Hamlet e Macbeth, comédias como A megera Domada e dramas históricos como Ricardo III

Romeu e Julieta

A trágica história do amor proibido de Romeu e Julieta, os adolescentes apaixonados fadados à morte por causa da antiga rivalidade de suas famílias

As adaptações cinematográficas

Relembre as principais adaptações da peça de William Shakespeare para o cinema, desde a clássica versão de 1936 ao moderno longa-metragem dirigido por Baz Luhrmann

Contexto histórico

Saiba mais sobre o Período Elizabetano, o Renascimento e o contexto de produção das obras de William Shakespeare

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domingo, 29 de abril de 2012

Romeu e Julieta (Parte 1)


Romeu e Julieta, de Frank Dickse (1884)
        Símbolo do amor impossível, Romeu e Julieta é uma das mais famosas tragédias de William Shakespeare. Acredita-se que foi escrita por volta de 1594 e 1596 – a data precisa não é conhecida – portanto em meio à Renascença Inglesa e ao governo da rainha Elizabeth I. Embora a peça tenha se tornado popular na época em que Shakespeare a escreveu, a primeira performance registrada da tragédia data de 1 de março de 1662.

          A principal fonte de Shakespeare foi o poema The Tragical History of Romeus And Juliet, de Arthur Brooke, publicado na Inglaterra em 1562. Este, por sua vez, é a tradução de uma versão francesa do conto escrito por Pierre Boaistuau (1559), cuja versão já era uma adaptação de Bandello (1554). Contudo, a história do amor proibido de dois jovens é muito mais antiga. Frye (1992) observa que há milhares de anos essa temática já estava presente em mitos antigos, e até mesmo Ovídio, que viveu à época de Cristo, já contava histórias de amores trágicos.
         
          É interessante ressaltar as variações que foram feitas por Shakespeare na história de Brooke. No texto original, a história acontecia em nove meses e foi condensada em cinco dias. Romeu e Julieta se conhecem num domingo, casam-se na segunda-feira e morrem na sexta-feira. A razão pela qual o escritor fez essa mudança foi para enfatizar a rápida passagem do tempo, adicionando intensidade ao drama. Shakespeare também diminuiu a idade de Julieta de 16 para 13 anos, com o objetivo de enfatizar sua juventude.

          O autor também aumentou a importância de personagens secundárias, como a Ama e Mercúcio, deixando suas personalidades mais vívidas. Enquanto Mercúcio, espirituoso e agressivo, contrasta com Romeu, sonhador e pacífico, a Ama também opõe-se a Julieta: esta é leve e poética, aquela é grosseira e vulgar.

          Um dos motivos que a fizeram popular em sua época se deve ao êxito em satisfazer a todos os públicos: a linguagem vulgar e repleta de humor dos criados, assim como as cenas de ação, agradavam às classes mais baixas da população, ao passo que os diálogos ricos e as cenas de amor deleitavam a nobreza. De acordo com Frye (1992), a própria ordem em que entram as personagens remonta a estrutura social da peça: primeiro surgem os criados, seguidos de Benvólio e Tebaldo, então os patriarcas Montecchio e Capuleto e finalmente o Príncipe.

          Aspectos da história da Inglaterra estão visivelmente retratados na peça: a antiga rivalidade entre Montecchios e Capuletos, duas poderosas famílias de Verona, remete ao conflito entre Yorks e Lancasters, que gerou a guerra civil conhecida como A Guerra das Duas Rosas. Dessa forma, Shakespeare conseguiu agradar a rainha Elizabeth I, última representante da dinastia Tudor, ao demonstrar os efeitos trágicos da rivalidade entre as famílias.

Quer ler trechos da obra? Clique nos links a seguir:

Prólogo:
Em Português / Em Inglês

Ato I, Cena V:
Em Português / Em Inglês

Ato II, Cena II:
Em Português / Em Inglês

Ato III, Cena I:
Em Português / Em Inglês

Bibliografia:

  • JACOBSON, Karin. CliffsComplete Shakespeare's Romeo and Juliet. New York: Hungry Minds, 2000.
  • FRYE, Northrop. org. Robert Sandler. tradução e notas Simone Lopes de Mello. Sobre Shakespeare. São Paulo: Edusp, 1992.

sábado, 28 de abril de 2012

As personagens

O Último Beijo de Romeu em Julieta
por Francesco Hayez. Óleo sobre tela, 1823.
ESCALO, príncipe de Verona
PÁRIS, jovem nobre, parente do príncipe

MONTECCHIO, patriarca da família
CAPULETO, patriarca da família

Um tio de Capuleto
ROMEU, filho de Montecchio

MERCÚCIO, parente do príncipe e amigo de Romeu
BENVÓLIO, sobrinho de Montecchio e amigo de Romeu

TEBALDO, sobrinho da Senhora Capuleto
FREI LOURENÇO, franciscano
FREI JOÃO, da mesma ordem
BALTASAR, criado de Romeu

SANSÃO, criado de Capuleto
GREGÓRIO, criado de Capuleto

PEDRO, criado da ama de Julieta
ABRAÃO, criado de Montecchio
Um boticário
Três músicos
Pajem de Mercúcio; pajem de Páris; outro pajem; o oficial
SENHORA MONTECCHIO, esposa de Montecchio
SENHORA CAPULETO, esposa de Capuleto
JULIETA, filha de Capuleto
Ama de Julieta
Coro
Clique na imagem e em seguida clique em "exibir imagem" para aumentar  


Bibliografia:
  • SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta & Tito Andronico. tradução e texto sobre o autor e a obra por Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1998.
  • JACOBSON, Karin. CliffsComplete Shakespeare's Romeo and Juliet. New York: Hungry Minds, 2000.

domingo, 22 de abril de 2012

Resumo da peça


A Reconciliação dos Montecchios e Capuletos Diante da Morte de Romeu e Julieta, por Frederic Leighton, 1855.
Ato 1

Ato I, Prólogo: Essa introdução à peça enfatiza o poder do destino sobre as vidas de Romeu e Julieta que são, de certa forma, vítimas da rivalidade de seus pais. Seu amor é descrito como “fadado à morte”. Assim como na tragédia grega, o destino paira sobre tudo.

Ato I, Cena I: Incitados por uma briga entre seus servos, Benvólio (um Montecchio) e Tebaldo (um Capuleto), brigam na praça pública de Verona. O Príncipe pára a luta e promete executar qualquer Capuleto ou Montecchio que perturbar a paz de Verona novamente. Um melancólico Romeu conta a Benvólio que está apaixonado.

Ato I, Cena II: Páris, um jovem nobre de Verona, pede a Capuleto a mão de Julieta em casamento. Capuleto aceita (se Julieta consentir) e convida Páris para uma festa. Romeu e Benvólio tomam conhecimento da festa de Capuleto e decidem ir sem serem convidados.

Ato I, Cena III: A esposa de Capuleto informa a Julieta que é hora de pensar em casamento, especificamente com Páris. Julieta obedientemente responde que ela será guiada pela escolha de seus pais. A Ama relembra velhas histórias sobre a infância de Julieta.

Ato I, Cena IV: Romeu, Benvólio, Mercúcio e um grupo de amigos se dirigem à casa de Capuleto, onde eles planejam entrar mascarados, sem serem anunciados e ficar para uma única dança. Romeu lamenta seu amor não correspondido e Mercúcio oferece um discurso imaginativo à Rainha Mab, que traz sonhos estranhos para a humanidade. Quando Romeu e seus amigos se preparam para entrar na festa de Capuleto, Romeu sente que problemas futuros virão.

Ato I, Cena V: No baile de máscaras, Romeu vê Julieta e, impressionado com sua beleza, se apaixona imediatamente. Tebaldo reconhece a voz de Romeu e deseja lutar com ele, mas Capuleto intervém para impedir uma briga. Romeu e Julieta conversam, e ele a beija. A Ama informa cada nome dos jovens amantes da outra família.

Ato II

Ato II, Prólogo: O Prólogo resume os eventos do Ato I, nos recordando de que Romeu trocou seu afeto por Rosalina para Julieta. Julieta retribui o sentimento de Romeu, mas os amantes serão incapazes de se encontrarem livremente por conta da rivalidade de suas famílias. O Prólogo acaba com uma nota esperançosa, nos revelando que a paixão dá poder aos amantes, de modo que eles descubram uma forma de se encontrarem.

Ato II, Cena I: O isolamento de Romeu de seus amigos aumenta à medida que ele vai entrando no jardim de Capuleto, na esperança de ver Julieta mais uma vez. Enquanto Benvólio e Mercúcio o procuram, eles discutem seus pontos de vista sobre o amor. 

Ato II, Cena II: Sem saber que Romeu está no pomar de Capuleto ouvindo sua confissão, Julieta expressa seu desejo e amor por Romeu. Romeu dá passos pelas sombras e declara seu amor por ela. Eles concordam em se casar, e eles se separam ao amanhecer.

Ato II, Cena III: Após deixar Julieta, Romeu se apressa em ver Frei Lourenço, que está filosofando sobre a natureza humana e medicina enquanto cuida do seu jardim de ervas. Romeu implora ao Frei Lourenço que case os dois jovens amantes, e o Frei aceita na esperança de que o casamento de Romeu e Julieta termine a rixa entre Capuletos e Montecchios.

Ato II, Cena IV: Romeu se reúne com seus amigos Mercúcio e Benvólio na praça de Verona, e Romeu parece ter sido curado de seu mal de amor. Romeu conspira com a Ama de Julieta para facilitar seu casamento e a consumação do mesmo.

Ato II, Cena V: Julieta impacientemente aguarda o retorno da Ama com notícias de Romeu. Depois de muita demora, a Ama conta exasperadamente que Julieta irá se casar com Romeu na capela do Frei Lourenço, e mais tarde naquela noite, Romeu irá subir pela janela dela para celebrar suas núpcias.

Ato II, Cena VI: Julieta chega à capela do Frei Lourenço para encontrar um Romeu entusiasmado, deleitando-se em seu infinito vigor. Julieta expressa um entusiasmo reservado, e o Frei está com medo de que um casamento tão impulsivo possa resultar em ruína.

Ato III

Ato III, Cena I: Mercúcio e Tebaldo lutam em praça pública, e Romeu, que está secretamente casado com Julieta, tenta pará-los. Tebaldo mata Mercúcio, e Romeu obtém vingança ao tirar a vida de Tebaldo. O Príncipe, junto com Montecchio, Capuleto e suas esposas, aparece e ouve relatos do que aconteceu. O Príncipe bane Romeu sob pena de morte.

Ato III, Cena II: A Ama traz notícias trágicas para Julieta, e esta a princípio acredita que Romeu foi assassinado. Quando toma conhecimento da morte de Tebaldo e o banimento de Romeu, ela é tomada por tristeza. Julieta envia a Ama para a capela do Frei para pedir a Romeu que a veja uma última vez.

Ato III, Cena III: Na capela do Frei, Romeu se desespera e tenta se matar. O Frei o repreende pela sua fraqueza e salienta que o banimento é melhor do que a morte. O Frei propõe que Romeu visite Julieta naquela noite e então deixe a cidade antes do amanhecer para viajar à Mântua, onde permanecerá até que possa retornar em segurança para Verona. Romeu aceita.

Ato III, Cena IV: Páris discute com Capuleto e a Senhora Capuleto seu casamento com Julieta. Os Capuletos a princípio afirmam que a morte de Tebaldo tornou impossível a possibilidade de pensar no casamento em futuro próximo. Mas Capuleto rapidamente muda de ideia e diz a Páris que ele e Julieta se casarão na quinta-feira.

Ato III, Cena V: No dia seguinte à primeira noite de casados de Romeu e Julieta, a Ama entra no quarto de Julieta para avisá-la de que a Senhora Capuleto está chegando. Romeu escapa pela janela. A Senhora Capuleto informa a Julieta sobre seu casamento com Páris, e Capuleto entra para compartilhar a mesma notícia.  Quando Julieta se recusa a casar com Páris, Capuleto se torna violentamente bravo e ameaça mandar Julieta para viver nas ruas. A Senhora Capuleto e a Ama ficam do lado de Capuleto, então Julieta resolve procurar a ajuda do Frei.

Ato IV

Ato IV, Cena I: Páris visita a capela do Frei para lhe contar que ele e Julieta se casarão na quinta-feira. Julieta aparece na capela, e depois de Páris ir embora, ela conta ao Frei que acredita que a morte é a única solução para ela e Romeu. O Frei a convence de que um remédio pode ajudá-la, e Julieta aceita ingerir uma erva na quarta-feira à noite. Isso enganará sua família, que acreditará que ela estará morta. Dessa forma, ela será colocada na cripta da família e Romeu a resgatará.

Ato IV, Cena II: Julieta vai para casa, onde todos estão ocupados preparando sua festa de casamento, e diz para seu pai que cederá à sua vontade. Entusiasmado com essa mudança, Capuleto decide mudar a data do casamento para quarta-feira, o dia seguinte.

Ato IV, Cena III: Na noite anterior ao casamento, Julieta implora à Ama e à Senhora Capuleto que a deixem sozinha no quarto. Ela pensa no destino que a espera se o plano do Frei não obtiver sucesso. Tomada por sórdidas imagens de morte, ela bebe o líquido venenoso.

Ato IV, Cena IV: Nas primeiras horas da manhã de quarta-feira. Capuleto ouve música e descobre que Paris se aproxima da casa. Ele manda a Ama acordar Julieta.

Ato IV, Cena V: A Ama tenta acordar Julieta, mas a encontra inanimada em sua cama. Ela acredita que Julieta está morta e pede por ajuda. Capuleto, sua esposa e Páris lamentam sua morte até que o Frei fala para ficarem felizes, pois ela está no Céu. Capuleto ordena que as preparações para o casamento sejam convertidas em preparações para um funeral.

Ato V

Ato V, Cena I: O criado de Romeu, Baltasar, conta que Julieta está morta. Romeu resolve retornar para Verona, e em seguida ele visita um boticário para solicitar veneno. A princípio, o boticário se recusa a vender a substância ilegal, mas Romeu oferece a ele uma grande soma em dinheiro, e então ele aceita.

Ato V, Cena II: Frei João, a quem Frei Lourenço enviou para informar Romeu de que Julieta não está realmente morta, retorna e diz que foi colocado em quarentena sob suspeita da peste, portanto impossibilitado de dar a notícia a Romeu. Frei Lourenço corre para o jazigo dos Capuletos porque Julieta acordará em breve.

Ato V, Cena III: A cena final da peça ocorre na tumba dos Capuletos. Páris está lá para lamentar a morte de Julieta, e Romeu aparece, comportando-se descontroladamente. Os dois lutam, e Paris é morto. Dominado pela beleza de Julieta, Romeu bebe o veneno e morre momentos antes de o Frei Lourenço aparecer para libertar Julieta. Julieta acorda e, vendo seu amado morto, suicida-se a adaga dele. O Príncipe, os Montecchios e os Capuletos chegam, e as famílias concordam em acabar com a rivalidade. 

Fonte:
  • JACOBSON, Karin. CliffsComplete Shakespeare's Romeo and Juliet. New York: Hungry Minds, 2000.

sábado, 21 de abril de 2012

William Shakespeare

Suposto retrato de Shakespeare
          Poeta e dramaturgo aclamado mundialmente, William Shakespeare (1564-1616) começou sua carreira como ator, escritor e foi co-proprietário de uma companhia de teatro. Alguns estudiosos afirmam que o inglês escrevia com o objetivo de enriquecer e conseguir títulos de nobreza – o que, caso seja verdade, obviamente não interferiu na qualidade e grandeza de sua obra.

          Apesar do pouco que se sabe sobre a vida de Shakespeare, pode-se afirmar que casou ainda jovem com Anne Hathaway e teve três filhos: Susanna e os gêmeos Judith e Hamnet. Este último faleceu aos 11 anos de idade, para a tristeza do escritor.

          Um dos motivos que o fazia popular em sua época era a capacidade de agradar seu eclético público, seja ele formado por aristocratas, marinheiros, soldados ou a própria rainha Elizabeth I. Como aponta Burgess (1996),
essa plateia tinha de receber o que queria e, sendo uma mistura, queria coisas variadas – ação e sangue para os iletrados, belas frases e engenho para os almofadinhas, humor sutil para os refinados, palhaçada escandalosa para os não-refinados, assuntos amorosos para as damas, canção e dança para todos. Shakespeare dá todas essas coisas; nenhum outro dramaturgo jamais conseguiu dar tanto (BURGESS, 1996, p.92).
         
           William Shakespeare, assim como outros escritores elisabetanos, foi bastante influenciado por Sêneca (filósofo e teatrólogo romano da Era Cristã). Além disso, buscava inspiração em obras que já existiam, caso de Romeu e Julieta - a principal fonte de inspiração foi uma tradução de Arthur Brook para o poema The Tragical History of Romeus and Juliet. “O Bardo de Avon”, como era conhecido, reescrevia essas histórias e as aprimorava, então, com seu talento inigualável.

            Durante o período elisabetano, era comum a colaboração entre dramaturgos. É possível, portanto, que Shakespeare tenha trabalhado com outros autores de sua época, como Francis Beaumont e John Fletcher, o que acaba por dificultar a delimitação de “quem escreveu tal obra”. Além disso, equivocadamente, algumas pessoas duvidavam que o inglês pudesse ser o autor de peças tão ricas – Shakespeare jamais frequentou a universidade. Essa desconfiança, no entanto, é infundamentada.

        Ao longo de sua carreira, escreveu cerca de 36 peças, dentre dramas históricos (como Ricardo III, Henrique VI e Henrique VIII), comédias (Sonho de uma Noite de Verão, A Comédia dos Erros, A Megera Domada, dentre outras) e tragédias (Romeu e Julieta, Macbeth, Rei Lear, Otelo e Hamlet, por exemplo). A grandeza de sua obra é tal que William Shakespeare é considerado o maior dramaturgo de todos os tempos e permanece célebre mesmo há quase quatro séculos de sua morte.

Bibliografia:

  • BURGESS, Anthony. A Literatura Inglesa. São Paulo: Ática, 1996.
  • FRYE, Northrop. org. Robert Sandler. tradução e notas Simone Lopes de Mello. Sobre Shakespeare. São Paulo: Edusp, 1992.

domingo, 8 de abril de 2012

O contexto histórico

Para compreender as obras de Shakespeare, é necessário conhecer o contexto em que foram produzidas. Torna-se indispensável, portanto, pontuar alguns acontecimentos marcantes como o fim da Guerra dos 100 Anos, A Guerra das Duas Rosas, O Renascimento e o Período Elizabetano. 

A GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)

          As disputas por terras entre França e Inglaterra culminaram na Guerra dos Cem Anos, que trouxe graves consequências à população dos dois países. O conflito inicia-se durante a sucessão ao trono francês com a morte de Carlos IV. Havia dois sucessores: Filipe de Valois, francês e sobrinho do rei, e Eduardo III, rei da Inglaterra, neto do mesmo rei. Os franceses coroaram Filipe de Valois (Filipe VI). Essa decisão afetou os planos dos comerciantes ingleses que queriam livre acesso à região de Flandres (importante polo de manufaturas de tecidos), e os produtores de lã de Flandres que desejavam se livrar dos entraves feudais impostos pelos franceses. Em 1337, os franceses declararam guerra à Inglaterra.
A guerra, apesar de longa, não foi contínua e teve vários períodos de tréguas e paz. Ela ocorreu ao mesmo tempo em que a “peste negra” assolava a Europa. Nesse período, a situação da França era desesperadora: as despesas com a guerra, as doenças e a estagnação do comércio fizeram a burguesia exigir maior participação no governo.
Após várias derrotas, Carlos V subiu ao trono francês e a França colecionou muitas vitórias, mas após sua morte o território francês foi dividido: ao norte governado pelo inglês Henrique V e ao sul pelo francês Carlos VII. Nesse período, surgiu Joana D´Arc, que representava a luta francesa contra o invasor inglês. Após muitas batalhas, os territórios do norte voltaram ao controle francês. Em 1453, a França obteve sua unificação territorial e política.
Apesar das mortes e graves problemas econômicos iniciais, a Guerra dos Cem Anos foi importante para a França porque consolidou a monarquia e as bases do novo Estado nacional, acelerando, ainda, o desenvolvimento econômico francês.

A GUERRA DAS DUAS ROSAS (1455-1485)

          Terminada a Guerra dos Cem anos, as crises econômica e social inglesas aumentaram consideravelmente. A nobreza perdera territórios e o comércio com Flandres. Os militares e financeiros dos reis aumentaram seus poderes livrando-se das restrições da nobreza feudal. Nesse contexto, iniciou-se a disputa pela sucessão ao trono envolvendo duas famílias: os Lancaster de tradição feudal; e os York, de pensamento mercantilista – estas famílias exibiam rosas em seus brasões, por isso deu-se ao conflito o nome de Guerra das duas Rosas.
          A Guerra durou 30 anos (1455-1485) e contou com sangrentas batalhas. Boa parte da nobreza foi dizimada. Em 1485, Henrique Tudor, que tinha laços com as duas famílias, pôs fim ao conflito, coroando-se rei com o título de Henrique VII.

O PERÍODO ELISABETANO

          No curso do século XVI, surgiu na Europa Ocidental o fenômeno político denominado ABSOLUTISMO com o fortalecimento do rei, assim como da queda das resistências dos camponeses, o subjugo da Igreja e o declínio feudal. Nessa forma de política, o rei detinha poderes absolutos – era fonte de sabedoria, poder e leis legitimados por Deus.
Rainha Elizabeth I
          Quem melhor definiu a ideologia absolutista foi o teórico Thomas Hobbes (1588-1619), que justificava o Estado absoluto como a superação do “estado de natureza”. Para Hobbes, na sociedade primitiva o homem era movido pelo interesse próprio. Numa fase posterior, os homens dotados de razão buscavam unir-se, mediante contrato: uns sedem seus direitos a um soberano. Renunciava-se ao direito de liberdade em benefício do Estado. Assim, o Estado deveria ser absolutista protegendo os cidadãos contra a violência e o caos.
          Na Inglaterra, o absolutismo iniciou-se na dinastia Tudor com Henrique VIII. Mas a figura principal deste modelo de governo foi Elizabeth I, que reinou por 45 anos (1558-1603). Durante seu reinado houve o apogeu do absolutismo inglês. Para impor sua autoridade, Elizabeth I:
  • adotou o protestantismo e a submissão da Igreja Anglicana ao Estado;
  • fortaleceu a política;
  • reprimiu os católicos;
  • reduziu a atuação do legislativo (Parlamento);
  • fortaleceu a produção interna de tecidos;
  • apoiou a pirataria e modernizou a frota marítima, etc.
          Foi também no período elisabetano que se desenvolveu as bases para o processo de produção manufatureira, com a garantia de fontes de matérias-primas, ampliação das pastagens, barateamento da mão-de-obra (expulsão dos camponeses para as cidades) e o início da colonização inglesa na América do Norte.

RENASCIMENTO

A Criação de Adão, de Michelangelo (1511)
          O termo designa o reviver da cultura clássica greco-romana no século XIV. Foi o aprofundamento de várias mudanças desencadeadas desde o século XI, sem repetir pura e simplesmente a cultura clássica, mas reinventá-la, dando novas perspectivas. O homem dessa época caracteriza-se pelo individualismo, racionalismo, otimismo, naturalismo, etc. Eles repudiavam as ideias medievais. Era o homem de concepção antropocêntrica (homem como centro do universo) ao contrário do homem medieval teocêntrico (Deus como centro do universo). A cultura renascentista expandiu-se por toda Europa e foi financiada por comerciantes, banqueiros e papas que formavam a elite (denominados mecenas).
          Os principais fatores que geraram o renascimento foram:
  •   no plano econômico: o intercâmbio comercial entre Ocidente e Oriente;
  •  no plano social: a urbanização e ascensão da burguesia; 
  • no plano intelectual: a retomada dos estudos das obras clássicas greco-romanas e, finalmente, o aperfeiçoamento da imprensa.
          A nova cultura floresceu, inicialmente, nas grandes cidades italianas (Veneza, Pisa, Gênova, Florença e Roma) e expandiu-se na Europa no período de consolidação dos Estados modernos absolutistas. Seus principais representantes foram:
          Na Itália: 
  • Giotto, Botticelli, Rafael, Michelangelo (pintura e escultura);
  • Petrarca, Boccaccio e Nicolau Maquiavel (literatura);
  • Leonardo da Vinci (pintor, escultor, músico, arquiteto, matemático, filósofo, inventor);
Fora da Itália:
  • Dürer e Holbein (pintura); 
  • William Shakespeare, Gil Vicente, Sá de Miranda, Luís de Camões, Miguel de Cervantes, Rabelais, Thomas Morus (literatura).
Bibliografia: 
  • MELLO, Leonel Itaussu A. & COSTA, Luís César Amad. 5 ed. História Moderna e Contemporânea. São Paulo. Scipione. 2000
  • PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. 14 ed. São Paulo. Ática. 2002.
  • VICENTINO, Claudio. História Geral – Volume único. 1 ed. São Paulo. Scipione, 2000

sábado, 7 de abril de 2012

O surgimento do teatro


O teatro – não como espaço físico – existe desde o surgimento do homem. A transformação deste em outra pessoa é uma das formas arquetípicas da expressão humana. A magia do teatro, de uma forma mais ampla, está na capacidade do ser humano de se apresentar ao público sem revelar seu segredo pessoal.

Mas é na Grécia Antiga que surge a concretização do teatro. Tudo começou com as manifestações de agradecimento a Dionísio (Deus do Vinho), que eram celebradas pelas bacantes (devotas de Dionísio). Essas manifestações eram chamadas ditirambo. Esse ritual foi se desenvolvendo até resultar na tragédia e na comédia. Dionísio se tornou o deus do teatro.

          Com o passar do tempo, esses rituais foram se aprimorando. Téspis, o primeiro diretor, introduziu a máscara à encenação para que se pudessem visualizar os sentimentos de tristeza e de alegria. O coro era o mediador entre a plateia e os atores, pois aquele narrava toda a história que estava sendo representada. Téspis é considerado o primeiro ator grego, por ter subido ao palco, em uma das representações, e respondido ao coro, surgindo desta forma o diálogo.

Foi por intermédio das celebrações a Dionísio que surgiu a tragédia. Nesses rituais os participantes bebiam até ficarem embriagados, o que lhes permitia entrar em contato com o deus do vinho.

Os autores trágicos mais conhecidos são: Eurípedes, que iniciou o teatro psicológico do Ocidente; Sófocles, que mostrava o poder dos deuses àqueles que se tornavam rebeldes, submetendo-os ao “sofrimento sem saída”; e Ésquilo, proferindo que o homem não pode fugir do seu destino, é considerado “o pai da tragédia”.

No teatro dramático ou declamado, são essenciais três elementos: o ator, o texto e o público. O fenômeno teatral não se processa sem a conjugação dessa tríade. Faz-se necessário que haja alguém querendo dizer algo (ator), com algo a dizer (texto), para alguém ouvir (público).

Não se pode tratar do texto sem uma referência aos gêneros. Aristóteles apresenta como gêneros básicos, na tradição ocidental, iniciada na Grécia, a tragédia e a comédia. Ambas estão ligadas ao culto dionisíaco.

A comédia, de acordo com a Poética de Aristóteles, se desenvolveu nas cerimônias fálicas. Ela era tida coma a representação de pessoas do povo. Teve em Aristófanes seu representante, que procurou demonstrar que esta podia ser muito mais do que a representação de elementos “inferiores”. Em sua peça denominada Lisistrata, o autor utiliza elementos cômicos, mas discute a situação da guerra entre Atenas e Esparta.

O foco da tragédia é a presença da fatalidade, da dependência humana do arbítrio divino. Essa concepção é contestada pelo fato de que, após o cristianismo, há o livre-arbítrio, incompatível com os postulados da religião grega. Isso fez com que os dramaturgos, atraídos pelo gênero trágico, procurassem deslocar a fatalidade pelo conflito com o meio ou com a sua própria individualidade. 

Dessa forma, a tragédia é vista como uma história relatada em que há um conflito e geralmente termina com um final infeliz. Podem-se citar alguns exemplos de tragédias como: Édipo Rei e Antígona, de Sófocles; Medeia, de Eurípedes; Romeu e Julieta, de William Shakespeare, dentre outros.

Bibliografia:
  • BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. 1 ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
  • MAGALDI, Sábato. Iniciação ao Teatro. 2 ed. São Paulo: Ática, 1985. 
  • PEACOCK, Ronald. Formas da Literatura Dramática. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

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