Romeu e Julieta, de Frank Dickse (1884) |
Símbolo do amor impossível, Romeu e Julieta é uma das mais famosas tragédias de William
Shakespeare. Acredita-se que foi escrita por volta de 1594 e 1596 – a data
precisa não é conhecida – portanto em meio à Renascença Inglesa e ao governo da
rainha Elizabeth I. Embora
a peça tenha
se tornado popular na época em que Shakespeare a escreveu, a primeira performance
registrada da tragédia data de 1 de março de 1662.
A principal
fonte de Shakespeare foi o poema The
Tragical History of Romeus And Juliet, de Arthur Brooke, publicado na
Inglaterra em 1562. Este, por sua vez, é a tradução de uma versão francesa do
conto escrito por Pierre Boaistuau (1559), cuja versão já era uma adaptação de
Bandello (1554). Contudo, a história do amor proibido de dois jovens é muito
mais antiga. Frye (1992) observa que há milhares de anos essa temática já
estava presente em mitos antigos, e até mesmo Ovídio, que viveu à época de
Cristo, já contava histórias de amores trágicos.
É
interessante ressaltar as variações que foram feitas por Shakespeare na
história de Brooke. No texto original, a história acontecia em nove meses e foi
condensada em cinco dias. Romeu e Julieta se conhecem num domingo, casam-se na
segunda-feira e morrem na sexta-feira. A razão pela qual o escritor fez essa
mudança foi para enfatizar a rápida passagem do tempo, adicionando intensidade
ao drama. Shakespeare também diminuiu a idade de Julieta de 16 para 13 anos, com
o objetivo de enfatizar sua juventude.
O autor
também aumentou a importância de personagens secundárias, como a Ama e
Mercúcio, deixando suas personalidades mais vívidas. Enquanto Mercúcio,
espirituoso e agressivo, contrasta com Romeu, sonhador e pacífico, a Ama também
opõe-se a Julieta: esta é leve e poética, aquela é grosseira e vulgar.
Um dos
motivos que a fizeram popular em sua época se deve ao êxito em satisfazer a
todos os públicos: a linguagem vulgar e repleta de humor dos criados, assim
como as cenas de ação, agradavam às classes mais baixas da população, ao passo
que os diálogos ricos e as cenas de amor deleitavam a nobreza. De acordo com Frye
(1992), a própria ordem em que entram as personagens remonta a estrutura social
da peça: primeiro surgem os criados, seguidos de Benvólio e Tebaldo, então os
patriarcas Montecchio e Capuleto e finalmente o Príncipe.
Aspectos
da história da Inglaterra estão visivelmente retratados na peça: a antiga
rivalidade entre Montecchios e Capuletos, duas poderosas famílias de Verona,
remete ao conflito entre Yorks e Lancasters, que gerou a guerra civil conhecida
como A Guerra das Duas Rosas. Dessa forma, Shakespeare conseguiu agradar a rainha Elizabeth I, última representante da dinastia Tudor,
ao demonstrar os efeitos trágicos da rivalidade entre as famílias.
Quer ler trechos da obra? Clique nos links a seguir:
Prólogo:
Em Português / Em Inglês
Ato I, Cena V:
Em Português / Em Inglês
Ato II, Cena II:
Em Português / Em Inglês
Ato III, Cena I:
Em Português / Em Inglês
Bibliografia:
- JACOBSON, Karin. CliffsComplete Shakespeare's Romeo and Juliet. New York: Hungry Minds, 2000.
- FRYE, Northrop. org. Robert Sandler. tradução e notas Simone Lopes de Mello. Sobre Shakespeare. São Paulo: Edusp, 1992.
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